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A MARCHA DAS MULHERADXS

PLURALIDADE NA PESQUISA E CONSTRUÇÃO DRAMATÚRGICA

Desde 2006 os projetos de pesquisa da Cia. Livre vêm indicando desdobramentos que chamamos de Teatro Épico Ritual. Entre outros, podemos localizar como metodologias de trabalho o estudo de narrativas tradicionais (orais ou escritas); realização de estudos de campo; recriação de mitos e narrativas tradicionais para refletir sobre a sociedade brasileira contemporânea e suas desigualdades; formas de atuação épica; emprego de documentos do aqui-agora e dramaturgia e construção de texto e cena em processo colaborativo, em conjunto com autorxs e pensadorxs indígenas e, sobretudo, a presença de artistas indígenas em cena, em um processo cada vez mais profundo de troca cultural (Moitará), com a perspectiva de colocar em cena a complexidade e as tensões de um país multiétnico e multicultural.  

O Projeto A Marcha da Mulherada, partiu da Narrativa alto Xinguana da Festa das Yamuricumã (contada pela pajé Mapulú, em Kamayurá).

Para realizar um projeto de pesquisa e construção dramatúrgica a partir dessa narrativa, vimos a necessidade de atravessar essa história de partida para cruza-la com outros mitos tradicionais sobre entidades e forças criadoras femininas dos povos afro-diaspóricos e relatos históricos sobre movimentos coletivos de mulheres no Brasil (em geral invisibilizados).

A primeira camada de estudo nos indicou a ideia de uma MARCHA DE MULHERIDADES DIVERSAS E DISTINTAS, cuja confluência (ou não) conduz a novos mundos ou a mundos em transformação estrutural. Se impôs a ideia de um espetáculo formado por coros distintos, exigindo outra estrutura de pesquisa, criação em sala de ensaio e construção dramatúrgica, incluindo abandonar a narrativa de partida e as metodologias utilizadas pela Cia.Livre até então.

Além disso, entraram em jogo:

i)  As relações de cooperação e conflito entre mulheres e homens, que espelham as separações e hierarquizações entre natureza e cultura, corpo e mente e tantas outras assimetrias que caracterizam a sociedade Ocidental.

ii) As diferenças de perspectiva e consequentes tensões entre:  a) os movimentos feministas de mulheres brancas e a história de revisões das noções ali forjadas; b) os movimentos de mulheres pretas e suas especificidades, incluindo questões de classe, ancestralidade e espiritualidade; as heranças da sociedade escravocrata e da formação colonial da sociedade brasileira, que estruturam o racismo no país; e as "linhas de resistência" que representam as influências culturais de África, da ancestralidade e da religiosidade afro-brasileira, entre outras, das Iá Mi Oxorongá; c) os movimentos de mulheres indígenas e suas especificidades, incluindo a perspectiva multi-étnica; a força dos novos movimentos coletivos afro-indígenas de retomada cultural e territorial e os movimentos de mulheres indígenas, que desde o início dos anos 2000 vêm se organizando em associações que transformaram a representação política dos movimentos indígenas na política institucional brasileira, assim como nos meios internacionais.

Por tudo isso, para a realização desse projeto de pesquisa e construção dramatúrgica, entendemos ser fundamental criar um deslocamento estrutural, retirando de vez a centralidade branca do projeto, removendo a Cia.Livre e suas artistas da direção artística do projeto, estabelecendo parcerias ainda mais plurais, reposicionando formas de trabalho e relações criativas, para constituir um processo mais estendido no tempo, aberto no espaço e diverso nas identidades e alteridades envolvidas na criação.

Neste projeto a Cia. Livre compartilha a criação com o coletivo de mulheres pretas “ILÚ OBÁ DE MIN EDUCAÇÃO, CULTURA E ARTE NEGRA” e o COLETIVO ESTOPÔ BALAIO para encontrarmos juntxs novas formas de trabalhar em um conjunto de coletivos, sobre as mulheradxs e mulheridades.

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