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Em Repertório

OS UM E OS OUTROS

Sinopse/Realese

 

“Os Um e os Outros”, um musical livremente adaptado de “Os Horácios e Os Curiácios”, de Bertolt Brecht, em forma de opereta, faz uma justaposição das batalhas narradas pelo autor com a luta dos povos ameríndios no Brasil de hoje.

Dirigida por Cibele Forjaz, com coreografias de Lu Favoreto e música

de Gui Calzavara e Adriano Salhab, “Os Um e os Outros” faz uso de

diversos formatos e linguagens, como o teatro, o audiovisual, a dança

e a música, e conta com a parceria da Cia Oito Nova Dança. Estão em cena, além de Cibele Forjaz e Adriano Salhab, Fernanda Haucke, Fredy Allan, Gisele Calazans, Lu Favoreto, Lucia Romano, Marcos Damigo, Roberto Alencar e Vanessa Medeiros. O espetáculo conta ainda com apresença de integrantes da comunidade Guarani M’Bya da Terra Indígena Tenondé.-Por., situada em Parelheiros (Zona Sul de São Paulo), que ampliam a discussão evocada pelo teatro.

Âncora 1
Programa

Âncora 2

Na peça concebida pela diretora Cibele Forjaz em parceria com a Cia Oito Nova Dança, os Curiácios são o povo dos Um, que acredita que sua cultura é universal, na universalidade da sua cultura, enquanto os Horácios são os Outros, ou todos os múltiplos povos, que defendem a diversidade dos modos de existência. O dramaturgo, poeta e encenador alemão Bertolt Brecht se inspirou em uma guerra ocorrida na Roma Antiga para escrever, em 1933, “Os Horácios e os Curiácios, uma obra que investiga modos de resistência da chamada “época da contrarrevolução”, instaurada com a ascensão e consolidação da Alemanha Nazista.

 

 

No texto de Brecht, os Curiácios invadem a terra dos Horácios para roubar seus campos e minas. Frente à ameaça de perderem tudo aquilo de que necessitam para viver, os Horácios decidem resistir. Em três batalhas – dos arqueiros, dos lanceiros e dos escudeiros – o autor aborda diferentes estratégias de luta, refletindo sobre formas de resistência ao avanço do totalitarismo no mundo.

 

Para tecer esse diálogo entre a história escrita por Brecht e a luta dos povos ameríndios no Brasil contemporâneo, as duas companhias contam com a participação de artistas colaboradores e a presença especial de convidados do povo Guarani M’Bya - moradores da Terra Indígena Tenondé-Porã em Parelheiros, multiplicando os pontos de vista da encenação num espetáculo que mescla teatro, música, dança e projeção de imagens.

 

A narrativa em cena mantém como espinha dorsal o texto de Brecht, mas a encenação justapõe a este material mensagens, documentos, relatos e imagens que apresentam uma guerra em curso hoje no Brasil: a luta dos povos originários pelo reconhecimento de seus territórios, pelo respeito aos seus modos de vida e pela preservação da floresta, rios e demais seres vivos que lá vivem.

 

A FÁBULA DE BRECHT E O BRASIL CONTEMPORÂNEO

 

Com o objetivo de discutir as relações entre os povos indígenas e não-indígenas, o espetáculo faz uma justaposição entre o texto original e a nossa situação atual, permeada por uma série de conflitos em torno do pertencimento, valor e destino da terra. Essa disputa, que envolve a demarcação de terras, dilemas sobre a preservação ambiental, projetos político-econômicos de expansão agropecuária e de exploração de jazidas - temas cada vez mais acirrados no país - é trazida para a cena por meio de farto material iconográfico, filmado ao vivo em uma viagem de nove meses subindo o Rio Xingu e, também, pesquisado na imprensa nacional e internacional, em instituições e publicações variadas. Enriquecendo esse precioso recorte documental, a peça é plataforma para mensagens em vídeo dirigidas aos "Karaí" ou “Juruá”(ou, os homens e mulheres não-indígenas) e seus líderes, enviadas pelos líderes e viventes da região do Xingu.

 

A pesquisa do espetáculo, que envolveu os dois grupos artísticos paulistanos, incluiu a visita da Cia Livre a regiões de disputa ao longo do último ano, possibilitando a convivência com diversas culturas, povos e comunidades indígenas. Essa ida a campo, a fim de trazer o teatro mais perto da experiência viva, era objetivo da Cia Livre desde a montagem de Vem Vai, o caminho dos mortos. Também vinha sendo realizada pela Cia. Oito Nova Dança em criações anteriores, tais como Xapiri, Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos (criada em parceria com a Cia Livre), Esquiva e Juruá (ambas criadas em parceria com os Guarani M’Bya).

 

Assim como o texto de Brecht apontava para conflitos pela supremacia na exploração das fontes naturais por meio das barragens, pastos e garimpos, o Brasil dos tempos de hoje não oferece contexto muito diverso daquele ficcionalizado em 1933. O que se vê é a reprodução de violências motivadas por mais um ciclo de exploração, mudando apenas os agentes interessados nesses recursos naturais e a desigualdade com que ignoram direitos, para atingirem o lucro visado.

 

Neste sentido, a Cia Livre se refere, sobretudo, à resistência. Também propõe uma reflexão sobre como o mundo pode ser transformado e de que maneira as ações que podemos tomar nos dias de hoje são capazes de alterar o destino de exploração, expropriação e destruição que se avista no futuro próximo.

 

Como diz o xamã Yanomâmi Davi Kopenawa, em entrevista ao etnólogo Bruce Albert no livro A queda do céu, que relata o fim do mundo se os brancos continuarem agindo como fazem hoje em relação à natureza e à vida na Terra, "o céu cairá sobre as nossas cabeças". Sobre este assunto, Kopenawa explica que uma vez que a harmonia na Terra é quebrada, o céu cairá sobre a cabeça de todos. A mensagem sobre o risco que representa a morte dos povos originários, guardiões da floresta, e a consequente “queda do céu” também é proferida pelo cacique Tinini, do povo Yudjá, em mensagem direta ao novo governo, filmada na aldeia Tubatuba, no Território Indígena do Xingu. A sensação, para muitos, inclusive cientistas, pesquisadores e ambientalistas, é a de que estamos à beira desse momento.

Âncora 3
Ficha técnica original 

 

Os um e Os outros
Sesc Pompéia 2019

Jogadorxs

Adriano Salhab, Cibele Forjaz, Fernanda Haucke, Fredy Allan, Gisele

Calazans, Lu Favoreto, Lucia Romano, Marcos Damigo,

Roberto Alencar e Vanessa Medeiros

Coro Convidado do Povo Guarani M'bya:

Kerexu Poty Mirī , Kerexu Guarani, Tatarndy Germano,

Karai Negão, Karai Tiago, Karai Tataendy Ricardo

Contra regra em cena:

Jackson Santos

Músicos em cena:

Adriano Salhab, Ivan Garro e Gabriel Máximo.

Composições de trilha origina, Direção Musical e Arranjos: 

Adriano

Salhab e Guilherme Calzavara

Desenho de som e Sonoplastia:

Ivan Garro

Direção de arte

Cla Mor, Marília de Oliveira Cavalheiro e Valentina

Soares

Arquitetura cênica e Objetos:

Marília de Oliveira Cavalheiro

Figurinos e Objetos:

Valentina Soares

Concepção de Vídeo:

Cla Mor e Cibele Forjaz 

Operação de vídeo:

Cla Mor e Annick Matalon

Vídeo Mapping:

Fábio Riff e Mariana Caldas | Vapor 324

Luz:

Cibele Forjaz e Matheus Brant

Operação de luz: 

Matheus Brant

Identidade Visual e Projeto Gráfico: 

Julia Valiengo

Assistência de Direção:

Gabriel Máximo e Jackson Santos

Preparação e direção vocal:

Lucia Gayotto

Preparação corporal e Direção de movimento:

Lu Favoreto

 

Assessoria de Imprensa:

Márcia Marques | Canal Aberto

 

Produtoras: 

Bia Fonseca e Iza Marie Miceli |

N.s 2 Produtoras Associadas

 

Direção Geral: 

Cibele Forjaz

Fotos

Bruta Flor - Bruna Lessa e Cacá Bernardes

 

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Acervo digital
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