LUCIA ROMANO
Atriz e pesquisadora, estreou com o grupo Barca de Dionisos, do qual é fundadora. Tem participação marcante nos grupos Teatro da Vertigem (atuando em Alta Áustria/Oberösterreich e O Paraíso Perdido) e Cia. Teatro Balagan (nas criações de Sacromaquia e Tauromaquia). Integra a Cia. Livre, onde é atriz-criadora e produtora, e é colaboradora da Cia 8 Nova Dança (tendo participado de Xapiri Xapiripê, Lá onde a gente dançava sobre espelhos, com direção de Lu Favoreto) e da mundana compania (participando em O Idiota, de Dostoievski, com direção de Cibele Forjaz, Tchékov 4 e Pais e Filhos, ambos adaptados e dirigidos por Adolf Shapiro).
Bacharel em Teoria do Teatro pela ECA-USP, com especialização em Dança-Teatro pela ECA-USP e em Dance Studies, pelo Laban Centre London, profissionalizou-se como atriz na EAD-USP. É Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP e Doutora em Artes Cênicas pela ECA – USP.
Essa formação múltipla tem definido suas inserções variadas no campo profissional, incluindo a proposição de projetos e produção. Mantém, em parceria com o ator e diretor Emílio de Mello, a BARCA (Centro de Empreendimentos Artísticos Barca Ltda - Barca de Dionisos), empresa de produções e núcleo de criação, onde podem dar materialidade a seus projetos mais autorais e realizar parcerias artísticas.
Como intérprete, atuou em espetáculos dirigidos por William Pereira (Leonce e Lena e O Burguês Fidalgo - B), Antônio Araújo (Alta Áustria), Maria Thais (Sacromaquia e Tauromaquia), Gabriel Vilela (Vem Buscar-me Que Ainda Sou Teu e A Aurora da Minha Vida), Hélio Cícero (Atos de Violência), Yara de Novaes (Caminho Para Meca), Raquel Ornellas (Escada de Giz), Roberto Lage (Tamara), Iacov Hillel (Angels in America, O Lago dos Cisnes, As Polacas e O Enigma Blavatski), Mauro Rasi (Pérola), Vladimir Capella (Clarão nas Estrelas), Marco Antônio Brás (Geração Trianon), Paulo Farias (O Índio e Um Certo Faroeste Caboclo) e Roberto Vignati (E o Vento Não Levou), entre outros.
Ingressou em 2006 na Cia Livre, na criação do espetáculo VEMVAI, O Caminho dos Mortos, retomando parceria com Cibele Forjaz, iniciada em A Menor Dor e com continuidade em O Lamento de Ariadne e O Homem da Flor na Boca. Integra hoje o núcleo criativo da Companhia, tendo participado também das criações de Raptada pelo Raio, Raptada Pelo Raio 2.0, A Travessia da Calunga Grande, Cia Livre Canta Kaná Kawã, Maria que virou Jonas, ou a força da imaginação, Revoltar - Memória de Ilhas e Revoluções, Xapiri, Xapiripê, lá onde a gente dançava sobre espelhos (em parceria com a Cia 8 Nova Dança), Leituras de Brecht (em quatro das cinco leituras do projeto), Morte e Dependência na Terra do Pau Brasil (ocupação no Museu do Ipiranga) e Os Uns e Os Outros (baseado em "Os Horácios e Os Curiácios", de Brecht); bem como dos projetos de pesquisa “Mitos de Morte e Renascimento”, “Teatro e Ritual”, “África-Brasil”, “Do Mato ao Asfalto” e “Revoltare: ensaios sobre o teatro épico-dialético e ilhas de insurreição...”, apoiados pela Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, dentre outros mecanismos de incentivo.
Seus mais recentes trabalhos em teatro, também em parceria com Cibele Forjaz, são A Vida de Galileu, de Bertolt Brecht, Dostoievski Trip, de Vladímir Sorókin, e Os Uns e Os Outros, ainda em circulação. Revoltar, de Dione Carlos, teve direção de Vinícius Torres Machado, artista com quem desenvolve outros projetos.
Em TV, atuou na telenovela As Pupilas do Sr. Reitor, nos seriados Mothern (HBO), Força Tarefa (Globo) e Motel (HBO), e foi apresentadora dos programas Telecurso 2000 (por dois anos e ainda no ar) e America On Line.
No cinema, trabalhou com Lina Chamie, Ana Muylaert, Fernando Bonassi, Carlos Porto, Gabriela Almeida, Fernando Meirelles, Zoe Gluglielmoni, Rubens Rewald (Super Nada) e Daniel Ribeiro (Hoje eu Quero Voltar Sozinho), entre outros diretores.
Em Woyzeck, de Georg Büchner, com direção de Cibele Forjaz (1991/90), dirigiu pesquisa de movimento e desenho coral, iniciada junto ao Projeto Didática da Encenação. Fez a coreografia, direção de movimento e preparação corporal de Paraíso Perdido, baseado em John Milton, com o Teatro da Vertigem (2003/1993), grupo do qual foi fundadora. Ignorãças, inspirado na obra de Manuel de Barros, no Laban Centre London (Londres, 2000) e Solo for Chorus, baseado em Câmara Cascudo, no Laban Centre London (Londres, 1999), foram duas experiências de construção coreográfica com dançarinos. Codirigiu com Beto Alencar, na Cia Incunabula, o espetáculo de dança Porco Sentado Com Asas de Homem Dilacerado (apresentado em 2011 e 2012).
Pela BARCA, mantém pesquisa sobre a criação feminina, exemplificada nos espetáculos Escada de Giz e Gato Sem Rabo, e na Ocupação no prédio da Caixa Cultural-SP, intitulada Ciclo de Leituras e Debates Sobre Criação Feminina. O material resultante desse projeto será editado no livro Mulheril (no prelo).
Por seus trabalhos, recebeu os prêmios de Melhor atriz no 6o. Festival Curta Cabo Frio, 2012; SHELL 2007 - Melhor Atriz; Melhor Atriz de Teatro Infantil - Mambembe 1989, Melhor Pesquisa em Linguagem Cênica - APCA 1992; Virtuose – MINC 1998; Melhor Atriz de Teatro Infantil - Mambembe 1989 e Atriz Revelação - APCA 1987, além das indicações para os prêmios Shell – Melhor Atriz – 2012; Qualidade Brasil 2008 – Melhor Atriz; APETESP 1998 - Atriz Protagonista e APETESP 1989 - Melhor Atriz de Teatro Infantil.
Publicou De quem é esse Corpo?, em 2017, pela Editora Unesp; O Teatro do Corpo Manifesto: Teatro Físico, em 2005, e participou do Dicionário de Teatro Brasileiro, em 2006, os dois últimos, editados pela Perspectiva. É editora e articulista dos livros Caderno Livre Nóz – VEM VAI – O CAMINHO DOS MORTOS, Caderno Livre Nóz – RAPTADA PELO RAIO, Caderno Livre Nóz – Cia Livre: Experimentos e Processos 2000-2011 e Caderno Livre Nóz – MARIA QUE VIROU JONAS, produzidos pela Cia.Livre, e do Caderno de Atuação, editado pela mundana, em parceria com a BARCA. Colabora com diferentes revistas, entre elas, Revista da USP, Urdimento, Sala Preta, Mimus, A[l]berto e Revista Brasileira de Estudos da Presença. É editora da publicação acadêmica Revista Rebento, do PPGA e do DeArtes, do Instituto de Artes da Unesp.
Fez a curadoria do Ciclo de Leituras e Debates Sobre Criação Feminina no Teatro, realizado em setembro de 2006 na Caixa Federal /SP, do Encontros sobre Teatro e Ritual, realizada no TUSP-SP, em 2009, com Pedro Cesarino, e do Ciclo Encontros Transvestidos, no TUSP, em 2015, com Edgar Castro. Organiza e articula todos os projetos de encontros e palestras da Cia Livre, desde o Projeto "Mitos de Morte e Renascimento".
É docente no Instituto de Artes, nos Cursos de Graduação (Licenciatura em Arte – Teatro e Bacharelado em Teatro-Interpretação) e Pós Graduação em Artes-Teatro e Pós-Graduação em Fundamentos da Cultura e da Arte, na Universidade Estadual Paulista – Julio de Mesquita Filho – UNESP.